Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam cerca de 4.500 compartilhamentos no Facebook e 1,3 milhão de visualizações no TikTok até a tarde desta sexta-feira (23).
Cabrini investiga a fraude Bilionária do INSS. casa caiu para os bozos. O VÍDEO É LONGO. a corrupção do INSS ia para a campanha de bolsonaro 2019 a 2022
Um trecho de uma reportagem veiculada em 12 de maio no programa Domingo Espetacular, da Record, sobre o esquema de descontos irregulares em benefícios do INSS tem circulado fora de contexto para sugerir que a fraude teria financiado a campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2022. Aos Fatos assistiu à reportagem completa e constatou que ela não faz qualquer menção ao ex-presidente.
Por meio de dados e depoimentos, a matéria explica o funcionamento dos desvios, citando o papel de figuras-chave, como o empresário Maurício Camisotti e o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes — conhecido como “Careca do INSS”.
O trecho compartilhado pelas peças desinformativas dura pouco mais de nove minutos e, em sua maior parte, mostra a entrevista feita por Cabrini com o advogado Eli Cohen, que representa gestores e funcionários de alto escalão das associações controladas por Camisotti, mas que negam participação nos crimes. O empresário é investigado como um dos principais beneficiários do esquema.
Na conversa, Cohen explica a estrutura da fraude e como funcionava a divisão do dinheiro adquirido por meio dos desvios. Ele também deixa clara a importância de Antunes como principal intermediário da configuração do esquema.
Não há qualquer menção a Bolsonaro ou a campanhas presidenciais por parte de Cohen, de outros entrevistados, ou do próprio Cabrini.
Aos Fatos já desmentiu diversas peças de desinformação envolvendo a fraude do INSS, que fomentam um conflito de versões sobre quem teria responsabilidade sobre o caso.
De um lado, aliados e apoiadores do ex-presidente apontam que o governo Lula sabia sobre o esquema e não fez nada para coibi-lo, ou que o petista e a primeira-dama teriam parte na fraude. De outro, a base governista organizou uma campanha para reforçar o argumento enganoso de que os desvios teriam começado em 2019, durante o governo Bolsonaro.
Aos Fatos buscou a reportagem completa nos canais da Record e constatou que nela não há qualquer menção ao ex-presidente. Também utilizamos checagens próprias e outras matérias disponíveis na imprensa para contextualizar o caso.